sábado, 11 de setembro de 2010

Breve biografia de Borsoi.

Borsoi, Acácio Gil (1924)    
Biografia
Acácio Gil Borsoi (Rio de Janeiro RJ 1924). Arquiteto, urbanista, professor. Trabalha desde muito jovem no escritório de marcenaria do pai, Antônio Borsoi, desenhista formado peloLiceu de Artes e Ofícios de São Paulo - Laosp e autor de projetos de interiores famosos no Rio de Janeiro, como a Confeitaria Colombo, o Palácio da Guanabara e o Restaurante Assírio do Teatro Municipal. Acácio Gil forma-se arquiteto em 1949 na Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil - FNA. Durante a graduação estagia no escritório de Affonso Eduardo Reidy, onde realiza o projeto do Conjunto Habitacional Pedregulho, em 1946, e as plantas de cálculo do engenheiro Joaquim Cardoso para o Teatro de Salvador, desenvolvido por Reidy e Alcides da Rocha Miranda.
Recém-formado, trabalha como auxiliar de Rocha Miranda no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Sphan, depois atua como consultor do órgão em Pernambuco por 15 anos. É convidado, por indicação de seu professor, Lucas Mayerhofer, para assumir a cadeira de pequenas composições da Escola de Belas Artes de Pernambuco, por isso muda-se para Recife em 1951. Reformula o curso de arquitetura ao lado do arquiteto português Delfim Fernandes Amorim - seu assistente na cadeira de pequenas composições -, do arquiteto Heitor Maia Neto e do representante de alunos Geraldo Gomes da Silva. Assume a cadeira de grandes composições no lugar do arquiteto italiano Mario Russo, e permanece no cargo até 1979, quando pede demissão em repúdio à intervenção militar na escola.
Em 1960 ganha bolsa de estudo do Itamaraty para realizar uma viagem à Europa com o objetivo de formular a seqüência de design no curso de arquitetura, e visita escolas e escritórios arquitetura e design na Dinamarca, Noruega, Finlândia, Inglaterra, Alemanha e Itália. Assume em 1963 a diretoria de engenharia da Liga Social contra o Mocambo, presidida pelo arquiteto Gildo Guerra no governo de Miguel Arraes, em Pernambuco. Como membro do governo, participa do Congresso Internacional de Arquitetura, realizado em Cuba nesse ano, e traz na bagagem novas tecnologias para a habitação popular e documentação sobre construção pré-moldada de uma patente checa. Pelo envolvimento com Arraes e por essa viagem, Borsoi é preso por ordem do governo militar em 1964.
A demanda de trabalho, antes restrita a Recife, se expande pelo Nordeste, Rio de Janeiro e São Paulo a partir dos anos 1960, então o arquiteto mantém filiais do escritório nessas duas cidades e em Teresina. Realiza a primeira exposição individual de sua obra na 6ª Bienal de Arquitetura, em que recebe o Colar de Ouro do Instituto de Arquitetos do Brasil - IAB, em 2005. No ano seguinte sua obra é exposta na mostra Acácio Borsoi - Arquitetura como Manifesto, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães - Mamam, no Recife.

Notas

1 NASLAVSKY, Guilah. Arquitetura moderna em Pernambuco, 1951 - 1972As contribuições de Acácio Gil Borsoi e Delfim Fernandes Amorim. 2004. 270f. Tese (Doutorado em Estruturais Ambientais e Urbanas). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004. p. 216, nota 521.

Fonte : Enciclopédia Itaú Cultural

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ARQUITETURA HOSPITALAR, por Mariana Andrade.

  • As práticas médicas: breve histórico.

No período que se estende da Antigüidade à Idade Média, a assistência aos enfermos era prestada em caráter oficial por sacerdotes das ordens religiosas ou por leigos que praticavam uma espécie de medicina popular, que tinha por locus o mercado, os arredores dos templos ou qualquer outro lugar onde a multidão se reunia para assistir ao espetáculo da extração de um dente ou da amputação de um membro gangrenado. A medicina oficial, por sua vez, se desenvolvia no interior dos mosteiros ou em anexos construídos com esta finalidade, sempre como atividade secundária às obrigações de caráter religioso e assistencial, que constituíam o objetivo principal das ordens religiosas.
Somente em 1780 é que a noção de que o hospital pode e deve ser um instrumento destinado a curar aparece claramente atrelada, com o surgimento de uma nova prática: a visita e a observação sistemática e comparada dos hospitais.
Até então, a medicina não constituía uma prática hospitalar. Em 1680, a visita médica ao Hôtel-Dieu (ver figura abaixo), o maior hospital de Paris, era feita apenas uma vez por dia, freqüência que só iria se intensificar no século seguinte.

A partir de 1775, passam a ser feitas pesquisas sistemáticas em hospitais europeus, pelo inglês John Howard, que também pesquisaria prisões e lazaretos, e pelo francês Tenon, convidado pela Academia de Ciências a estabelecer um novo programa hospitalar para o Hôtel-Dieu de Paris, parcialmente destruído por um incêndio (Foucault, 1979: 99).
Através desses estudos foram reveladas as precariedades das unidades hospitalares pesquisadas e, pela primeira vez, chamaram a atenção para a relação existente entre o espaço hospitalar e as elevadas taxas de mortalidade dos pacientes.
Assim, estas taxas são pela primeira vez relacionadas à questões espaciais, apontando-se como causas possíveis de contaminação a proximidade entre determinadas áreas funcionais, tais como enfermarias de feridos e de parturientes, e a ocorrência de fluxos de materiais contaminados, como roupas, lençóis e panos utilizados como bandagens.
Os grandes hospitais com milhares de leitos, nos quais portadores de doenças contagiosas, feridos e mulheres grávidas ocupavam enfermarias contíguas, são condenados, suscitando novas propostas, entre as quais a separação dos pacientes segundo suas patologias e a construção de hospitais com menor número de leitos, ou ainda dedicados ao tratamento de um único tipo de enfermidade.
Em resposta a isso surgem, no século XIX, os hospitais especializados. Em Londres, por exemplo, a partir de 1800, são criados hospitais especializados em Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Doenças do Tórax, Câncer e Ortopedia.

  • Os primeiros hospitais: breve relato histórico, evolução física dos edifícios.

Segundo MACEACHERN, na Grécia antiga, graças a médicos como Hipócrates, foi possível fornecer uma base racional e científica a medicina. No entanto, a racionalidade grega conviveu com o misticismo e a superstição. Tinha se uma grande atenção ao conforto dos pacientes, onde os templos eram localizados juntos a fontes de águas térmicas, proporcionando aos usuários belas paisagens externas. A doença era entendida de forma holística, devendo, portanto o tratamento ser prestado ao corpo e a mente.
No império romano, foram criadas as Valetudinárias que eram enfermarias militares visando o tratamento dos soldados doentes, e se situavam dentro das fortificações romanas. Através dessa tipologia, tinham-se adequadas condições de iluminação e ventilação naturais dos espaços internos, uma vez que as Valetudinárias eram constituídas de elementos articulados em torno de um pátio central que assegurava para todos os quartos o contato com o exterior. Além disso, esses espaços eram dispostos em ambos os lados de um corredor central de distribuição, cuja cobertura permitia ventilação permanente.
Durante a idade média a imagem dos hospitais era usualmente associada com a morte. O objetivo era o confinamento das pessoas doentes, visando mais a proteção dos que estavam fora dos hospitais. Por esse fato, que nesse período não se tinham preocupação com o conforto e o bem-estar dos pacientes.
Os hospitais repetiam as estruturas góticas das catedrais através de largas paredes assemelhando-se às fortificações e as prisões possuiam enfermarias insalubres onde a iluminação era natural ou por archotes. Como a circulação de ar era considerada contaminante e veiculador de miasmas as janelas eram projetadas com pequenas dimensões, deixando o ambiente escuro e amedontrador.
            A situação de insalubridade dos hospitais medievais é exemplificada pelo Hotel Dieu de Paris (ver figura abaixo), embora existissem outros estabelecimentos com situações mais críticas. 
            No período gótico e no renascentista, os edifícios eram determinados pelas técnicas construtivas disponíveis. No período gótico, o que predominava eram as estruturas das catedrais, que acabaram sendo utilizadas também nas tipologias dos hospitais. As janelas, altas e estreitas, proporcionavam baixos níveis de iluminação e elevados contrastes no ambiente interno, pois se eram pequenas em relação à grande dimensão do espaço e às espessuras das paredes.

  • Edifícios modernos: Princípios da arquitetura bioclimática, princípios da arquitetura moderna.


A radiação solar: é fonte de calor e de luz. Pode ser interceptada antes de incidir nas superfícies verticais, pois a radiação que entra pelas aberturas é absorvida pelas superfícies internas, aumentando a temperatura do ar interior. As aberturas devem ser protejidas, a fim de dificultar a ntrada do sol, e o edifício deve ser posicionado de modo a obter as mínimas cargas térmicas, integrando-se com os fenômenos visuais.
A iluminação natural: seu uso é fundamental tanto para a manutenção dos níveis de conforto visual e psicológico do usuário como para o aumento da eficiência energética.
A ventilação: é importante por razões de conforto térmico e de salubridade, ajudando na remoção da umidade e no resfriamento dos ambientes.
A geometria solar: com seu estudo é possível orientar um edifício minimizando a carga térmica nas fachadas das aberturas, e mostrar como rabalhar os elementos do envoltório da edificação.


O concreto armado propiciou uma revolução tecnológica da construção como um todo e, em decorrência, dos elementos construtivos. Com as estruturas de concreto, a janela pode ocupar a extensão da parede de uma borda a outra da fachada. A fachada livre é uma conseqüência das possibilidades estruturais do concreto armado, viabilizando o recuo dos pilares em relação ao plano de fechamento. A parede externa do edifício deve ser capaz de controlar os efeitos do ar da temperatura e do ruído. O plano é uma realização da técnica construtiva moderna e tem merecido um contínuo aperfeiçoamento por causa da incidência solar, principalmente no auge do verão em certas latitudes.

  • Edifícios pós-modernos: princípios da arquitetura pós-moderna.

A arquitetura pós-moderna é um termo genérico para designar uma série de novas propostas arquitetônicas cujo objetivo foi o de estabelecer a crítica à arquitetura moderna, a partir dos anos 1960 até o início dos anos 1990. Seu auge é associado à década de 1980 (e final da década de 1970)
Na década de 1960, surgiu entre muitos arquitetos um sentimento de rejeição do International Style, que tinha retrocedido a fórmulas monótonas e estéreis. Uma das correntes arquitetônicas que reage contra a ortodoxia do racionalismo é a chamada pós-modernista, ligada ao movimento filosófico do mesmo nome. Abrange as tendências neo-historicistas de Ricardo Bofill ou de Óscar Tusquets, os traços extremos do desconstrutivismo de Frank Gehry ou Zaha Hadid, a ironia de Robert Venturi, Helmut John ou Michael Graves. O multifacetado Philip Johnson confirmou sua adesão ao pós-modernismo com o edifício AT&T (1982), de Nova York, um arranha-céu com um frontão quebrado.

  • Edifícios contemporâneos: princípios da arquitetura contemporânea.

           Possuindo conceitos como: flexibilidade; racionalização; contigüidade (expansão e zoneamento); desenvolvimento horizontal e vertical (circulação); flexibilidade estrutural; humanização (conforto ambiental), tecnologia, meio ambiente e assepsia. 

  • Arquitetura hospitalar: conceitos e requisitos básicos. 


        Os requisitos e conceitos básicos podem ser listados e resumidos: expansividade, plano diretor, zoneamento, setorização, flexibilidade, provisoriedade, agrupamento de territórios afins e centralização.

  • Arquitetura hospitalar no Brasil: estudo de casos.

           Hospital Sarah Kubitschek é o nome pelo qual são conhecidas várias unidades hospitalares brasileiras, destinadas ao atendimento de vítimas de politraumatismos e problemas locomotores, objetivando sua reabilitação; é mantido pelo Governo Federal, embora sua gestão faça-se pela Associação das Pioneiras Sociais. O nome é em homenagem à Sarah Kubitschek, primeira dama do país na época da fundação de Brasília.
A rede Sarah é vista como modelo de hospital contemporâneo possuindo conceitos como: flexibilidade; racionalização; contigüidade (expansão e zoneamento); desenvolvimento horizontal e vertical (circulação); flexibilidade estrutural; humanização (conforto ambiental), tecnologia, meio ambiente e assepsia. 
Sarah Fortaleza

  • A humanização dos edifícios hospitalares: importância na atualidade. 

A medicina abordava a doença e a saúde apenas a partir do corpo biológico individual, sendo os aspectos sociais, econômicos, culturais e psicológicos desconsiderados. Críticas vindas da antropologia e da sociologia vão inserir a doença em um novo contexto, relacionando-a a outros fatores que não só o fisiológico. Sobre influência destas, se expressa o movimento sanitário organizado em diversos países, que tem como objetivo principal o direito universal a saúde. No Brasil esse movimento tem seu ápice na 8º Conferência de Saúde em 1986. Hoje gozar de saúde significa não padecer de enfermidade, estar em harmonia consigo mesmo e com o meio. Através do conceito de saúde percebemos que o “estar saudável” também passa por repensar a arquitetura hospitalar de forma a garantir um ambiente que, além de proporcionar a cura pelo tratamento, possibilite aos pacientes espaços de descanso e descontração, auxiliando assim no seu tratamento.


  • Considerações finais

                Com o crescente aumento populacional não somente o ser humano sofre, mas também o seu entorno e seu habitat, com essa baixa na qualidade de vida o fundamental é propor a construção de um edifício hospitalar que dê muita atenção não apenas aos aspectos técnicos, mas também aos aspectos humanos. Deve-se compreender que o isolamento do paciente do espaço exterior proporciona-lhe uma maior angústia em relação ao seu estado de enfermidade. Além disso, o hospital, por ser uma construção com grande especificidade técnica, com fluxos diferenciados, frequentemente gera grande confusão ao usuário.
            Considerando as variáveis de conforto, o projetista possui atualmente elementos para conceber uma arquitetura de alto valor estético integrada ao ambiente. A arquitetura possui uma grande influência e importância na humanização hospitalar, melhorando as condições dos usuários desses espaços e aparecendo como uma grande evolução para qualquer tratamento.
  • Referências

COSTI, M. - A influência da luz e da cor em salas de espera e corredores hospitalares, Editora EDIPUCRS, 1ª edição, Porto Alegre, 2002, 250 p.
FOUCAULT, M. - Microfísica do Poder, Editora Graal, Rio de janeiro, 1989.
MACEACHERN, Malcolm T. (1951), Hospital organization and management. Chicago:Physicians Record.
http://pt.wikipedia.org
http://dgp.cnpq.br